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domingo, 16 de junho de 2013

Capítulo 3 – Surfar, Surfar, Surfar

 

Capítulo 3

Surfar, Surfar, Surfar

 
A minha primeira aula de surf correu muito bem, cheguei um pouco antes da hora combinada devido à ansiedade. Mal dormira nessa noite, apesar de me ter deitado cedo. Mas estava demasiado excitado com as aulas e por ter o meu ídolo como instrutor de surf.

Andy chegou à hora marcada. Era um homem alto, musculado, tinha o cabelo louro pelos ombros com algumas cãs já à vista e os olhos claros azulados, davam-lhe um ar amigável. O corpo bronzeado aparentava um tom quase dourado, combinando harmoniosamente com o seu estilo de surfista, ainda que estivesse retirado. Aproximou-se de mim coxeando. A experiência com o grande tubarão branco marcara-o para o resto da sua vida. Levantei o braço saudando-o e, assim que me viu em pé, observando o nascer do sol no horizonte exclamou:

─ Então, muito bom dia! És pontual, gosto disso! ─ Disse dando-me uma palmada no ombro.

─ Bom dia, Andy! ─ Respondi animado.

─ Ora bem, antes de pegares na prancha e ires apanhar uma onda, quero falar contigo e fazer-te algumas perguntas. Pode ser?

─ Ok, Andy.

─ Óptimo! Então, diz-me lá quais são os teus objectivos em relação ao surf?

─ Bem, quero tornar-me surfista profissional.

─ Muito bem e porquê?

─ Porquê? Bom, porque quando estou dentro de água sinto que estou no meu ambiente natural. Sinto que faço parte do oceano como se fosse uno com ele, percebes? Quando estou chateado, ou tenso em relação a alguma coisa venho para aqui e fico em paz com o mundo.

─ Hmmm, interessante, eu também sentia isso. Não sei se sabes mas surfar, não consiste apenas em vir acalmar os ânimos. Surfar, exige que nós estejamos equilibrados, concentrados e abertos para o mundo.

─ Abertos para o mundo? O que queres dizer com isso?

─ Quero dizer que um surfista, pertence ao mundo. Nada é teu, mas o Todo é de todos. Quero dizer também que devemos estar conscientes, com a mente no presente e igualmente receptivos à energia que nos rodeia. Já notaste que tudo à nossa volta é energia? O sol, o vento, o mar… São uma energia viva e poderosa. Nós também somos energia e fazemos parte desse Todo! Entendes? Por outras palavras, se estivermos de bem connosco próprios, estamos também de bem com o universo e emitimos uma boa vibração. Estás a perceber, Jake?

─ Sim, estou. Eu também vejo o surf dessa maneira.

─ Óptimo! Então, quando fores apanhar uma onda deixa-te envolver e sente. Nem todas as ondas são boas, mas a tua energia atrai para ti a onda perfeita. O surf é uma prática espiritual.
 
─ E como é que eu sei qual é a minha onda perfeita? ─ Perguntei meio indignado.

─ Simples, sentes, Jake! Quando a onda for a “tal”, “A tua Onda”, tu vais sentir aqui e aqui. ─ Disse Andy, tocando-me primeiro com o dedo indicador direito no peito, indicando o coração e depois na fronte, indicando a mente. ─ Mas a onda não é propriamente tua, tu não a possuis. A onda, está ali apenas para te proporcionar uma experiência. Na vida também é assim. Nada nem ninguém nos pertence, entendes?

─ Acho que sim, que entendo, mas isso que estás a dizer em relação às pessoas é confuso e na prática, penso que não conseguimos agir assim.
 
─ Consegue-se e tu, se estiveres de mente aberta e quiseres, também consegues. Querer é poder e para o amor, só precisas de amar. Mas adiante… Outra coisa que te quero dizer é que se queres realmente ser surfista, deves estar disponível. Sempre. Dificilmente poderás praticar surf e estudar, ou mesmo ter um emprego fixo, estável. Porque de vez em quando terás de viajar e procurares bons locais para surfar. Iremos andar por aí e não saberemos ao certo quando voltaremos. O surf é assim.

─ Ok.

─ Outra coisa, precisas de fazer elevações, flexões para ganhares força nos braços e agilidade para quando estiveres no mar conseguires remar, e também levantares-te rápido sobre a prancha.

Seguidamente, Andy analisou a minha prancha. Era uma longboard. Deu-me uma palmada no ombro e disse:

─ Tens aqui uma boa prancha. Estima-a como se ela fosse tu, como se tu fosses ela, Jake. Vocês são unos. Se fores realmente bom, faço-te uma fish. As novas pranchas fish, cortam melhor as ondas e proporcionam maior controlo, são mais dinâmicas por terem duas quilhas, percebes? Mas vá, vai para a água e mostra-me o que sabes fazer!

E eu fui, as ondas naquela manhã estavam espectaculares, enormes, perfeitas! Quando acabei, Andy exclamou:

─ Nasceste para isto, puto! De facto, pareces ter um dom natural. Parabéns, pá!

─ Obrigada, ─ respondi surpreendido.

E foi assim que começou a minha odisseia com a prática do surf. Durante duas semanas, estive mais tempo dentro de água a treinar, que em terra a fazer outra coisa qualquer, seguindo a orientação de Andy. Quase não ia a casa, a não ser para dormir e na hora das refeições. Felizmente estava de férias. Foi desta maneira, que me tornei muito bom no surf, segundo ele. Assim, com o passar do tempo, Andrew e eu tornámo-nos bons amigos, mas mais do que isso, tornámo-nos confidentes um do outro.

Ele era um homem muito experiente, tinha tido imensas mulheres, muitas delas, casadas. Andy dizia que não tinha feitio para estar casado e ter um relacionamento monogâmico, simplesmente não conseguia ser um homem de uma mulher só. Havia tantas mulheres pelo mundo… Sozinhas, ou acompanhadas, não fazia diferença. Porque mesmo estando casadas, muitas estavam sozinhas. A solidão, era uma das piores experiências que um ser humano poderia ter e Andrew Johnson, sabia o que era estar só. Portanto, tentava viver ao máximo a vida e com o mínimo de contrariedades.

─ Sabes, Jake, o amor é um sentimento muito complicado de gerir. Quando surgem sentimentos que nos fazem pensar só numa pessoa, estamos tramados! Isto é um dos primeiros sinais do amor.

─ Então, porquê? ─ Perguntei ingenuamente.

─ Porquê?! Que raio de pergunta, pá, quando a resposta é tão óbvia! Imagina a coisa assim: tens um prato com muitos bolos, mas são todos diferentes. Cada um, mais delicioso que o outro e no entanto, só podes comer apenas um e só daquele o resto da tua vida! O que escolheres, está escolhido e não podes voltar atrás. Com as mulheres, é assim, casaste e acabou. Vais estar sempre com a mesma mulher, que entretanto, vai perdendo a vontade para ter sexo… Acabas por te chatear e ficar enjoado dela, não?! Porque afinal não há variedade! Entretanto, tu estás sempre com aquela vontade e encontras outras pessoas que sentem tanta vontade quanto tu! O melhor, é seres solteiro e estares disponível, não te parece? Por isso, digo-te: “goza a vida e não permitas que seja ela a gozar contigo”, por outras palavras, não te apaixones. É só dores de cabeça, puto!

Este era sempre o conselho que o Andy me dava, especialmente, após beber umas cervejas… Depois chorava compulsivamente até adormecer. Geralmente, nunca se lembrava de nada no dia seguinte e também, nunca falávamos nestes assuntos sem ser ele a abordá-lo. Mas a cada dia que passava, eu apercebia-me de que algo de muito triste tinha acontecido com Andy, só não sabia ainda o que era. Suspeitava de que ele tivesse tido um grande desgosto de amor, porque quando falava em relacionamentos e em mulheres, era com mágoa. Quem seria ela?

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO…
(Próximo Capítulo a Publicar: domingo, dia 23 de Junho de 2013)
 


12 comentários :

  1. Cris,

    Estou gostando muito da história. Onde tem coração machucado pode acontecer muita coisa, vejamos como será. Gr. Bj.!

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  2. pelo jeito Andy não vai apender somente surf com o esse mestre...
    Um abraço carinhoso

    Paty Alves
    Ágape Amor Verdadeiro
    Patyiva
    Vou Conseguir

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  3. Os ensinamentos de Andy parecem-se muito com os dos mestres do Kung Fu ou Tai Chi...pois para ele, evidentemente que o surf não era apenas subir numa prancha e divertir-se um pouco no mar, mas mergulhar em toda uma maneira de viver integrada à natureza e suas forças...muita sabedoria da parte dele! Como se a prancha fosse o corpo, e o surfista o espírito, que usando a prancha com sapiência e respeito pelo mar (a vida) consegue equilibrar-se condignamente...
    Longe de nós querermos fazer interpretações apressadas, mas a nós o seu belo texto tocou assim.
    Um abraço!

    Bíndi e Ghost

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  4. Oi Cris!
    Fiquei curiosa pra saber se Andy teve algum desgosto no amor...
    Aposto que sim!
    Bjs \o/

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  5. Cris.Desculpe não ter podido abrir seu blog antes,mas minha conexão está ruim demais.

    Está lindo o capítulo do Jake!

    Como você escreve bem e tem tanta imaginação,flor!

    Pode publicar um livro de contos!


    Obrigada pelas visitas e lindo final de domingo


    Beijos


    Donetzka

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  6. gostei mt da parte que o Andrew fala sobre energia e de como ele se sente parte da natureza, acredito nisso tb, só não tenh vontade de surfar kkk (medo de tubarão).

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  7. Cris,está muito legal a tua história e aguardo os próximos capítulos.Bjs e boa semana!

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  8. Conseguiu passar para mim o que um surfista deve sentir ao estar no mar, tenho pavor de água...mas gostaria de não ser assim....qto ao se apaixonar vamos ver o que vai acontecer né mesmo rs, mais um trecho que me deixou com gosto de quero mais...

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  9. Bom dia Cris ;)
    Bela história... só este conselho de ter várias mulheres é que não gostei mto rsrsrsrs espero que mude de idéias, o tal Andy :)

    Bjinhos e até mais!

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  10. Oi Cris,
    boa tarde,
    história está crescendo,
    Andy, tem sua própria história do passado
    vamos ver porque ele não quer compromissos.

    Muito bom o capítulo!

    Desejo-lhe uma boa tarde
    beijos e abraços

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  11. Oi Cris,


    Obrigada pelo carinho de sempre!

    Estou adorando a história........aguardo a outra postagem..

    Bjos

    ResponderEliminar
  12. Cris,
    a história está bem interessante, em especial este capítulo.Achei tocante a descrição preparatória dada ao Jake pelo Andrew, sobre a interação com natureza ao praticar-se uma habilidade.Estou a conhecer mais sobre o mundo do surf, do qual nada sei.Bacana!
    Um abraço.Espero que esteja tudo a contento contigo.
    Calu

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