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domingo, 13 de outubro de 2013

Capítulo 19 - O Plano

O Plano, Jake e Mary, http://jakeemary.blogspot.com/, Cris Henriques
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Capítulo 19


O Plano



Entrámos no jardim da casa de Mary e toquei à campainha. O mordomo abriu-nos a porta. Após apresentarmo-nos e de anunciarmos ao que vinha-mos, o mordomo encaminhou-nos para a sala, disse-nos para sentarmo-nos e pediu-nos para esperar. Ele ia chamar Hannah e Joshua Levy, os patrões, ─ ou seja os pais de Mary. Nós assim o fizemos, sentamo-nos no sofá e esperamos em silêncio. Andy, olhou-me e percebendo o meu nervosismo, disse num murmúrio:

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Capítulo 18 - Nathaniel Stein

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Capítulo 18


Nathaniel Stein



Sábado, segundo dia do Campeonato de Surf, da Praia de Huntington. As provas desse dia correram-me muito bem, apesar de ter dormido pouco na noite anterior… Porém, estava concentrado e confiante. Fazer amor com Mary, reequilibrava-me as energias a vários níveis. Sentia-me sempre renovado. Consegui fazer alguns drops, um swell e um tubo, o que me remeteu directamente para a primeira posição Ex équo com o concorrente Australiano, Tommy Storm.

domingo, 29 de setembro de 2013

Capítulo 17 - Na Gruta do Amor

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Capítulo 17


Na Gruta do Amor



Cheguei à nossa gruta à hora que Mary marcara através do seu bilhete. Meia-noite. Era noite de Lua Nova e estava escuro como breu, custava-se a distinguir o areal, o mar e as rochas.


Olhei na direcção onde Mary surgia sempre e aguardei que ela aparecesse, extremamente ansioso. No meu peito, o coração batia em sobressalto! Sentia-me tão nervoso e tão inseguro, como alguma vez me havia sentido. As dúvidas e o medo assaltavam-me pela primeira vez em relação a Mary… “E se ela não vier? E se não nos vermos mais? E se...”, mil pensamentos pairavam na minha mente, acordando o pânico dentro de mim, assim com o medo, sentimento estranho que desconhecia possuir, ou não fosse eu “Jake ─ O Destemido”.

domingo, 22 de setembro de 2013

Capítulo 16 - A Primeira Desilusão

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Capítulo 16

A Primeira Desilusão

No fim da tarde, Mike veio ter comigo para felicitar-me. Tinha passado à segunda fase do campeonato, que se disputaria no dia seguinte. Estava em 2º lugar, mas ao contrário do que pensava não estava feliz. Tudo o que tinha imaginado para aquele dia, não estava a sair como sonhara. Afinal, Mary, não me tinha vindo ver conforme me dissera antes. Porquê, não sabia, mas com certeza algo se passara.
─ Parabéns, meu! Tu mereces! ─ Exclamou Mike ao chegar perto de mim, abraçando-me.
─ Obrigado… ─ Disse piscando-lhe o olho, com um sorriso amarelo.
─ Que foi, que sorriso é esse? Pensava que estavas feliz…
─ Pois, também eu pensava que estivesse feliz hoje e afinal, enganei-me inevitavelmente…
─Que tens, Jake?
─ Estou preocupado, Mary, disse que viria ver-me e até agora não apareceu.
─ Chiii, Jake, desculpa. Toma lá, já me estava a esquecer de dar-te isto ─ disse Mike, entregando-me um bilhete.
Li-o imediatamente:

domingo, 15 de setembro de 2013

Capítulo 15 - O Campeonato

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Capítulo 15


O Campeonato



Três dias mais tarde, levantei-me muito animado. Durante 3 dias teríamos na Praia de Huntington o 8º Campeonato de Surf, que se realizava anualmente. Este era um evento muito popular na região, Huntington enchia-se sempre com turistas dos quatro cantos do mundo, principalmente, de Países como: Austrália, Nova Zelândia, Havai e Taiti. Uns compareciam como participantes, outros como apoiantes e espectadores.

domingo, 8 de setembro de 2013

Capítulo 14 - A Verdade

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Capítulo 14


A Verdade



─ O que significa isto?! ─ Exclamei estupefacto, ao encontrar seminus, a minha Mãe e o Andrew Johnson deitados na cama dela.

─ Calma, Jake… Calma, não é nada disso que estás a pensar… ─ disse Andy, levantando-se da cama imediatamente, precipitando-se a vestir a sua roupa caída no chão.

domingo, 25 de agosto de 2013

Capítulo 13 - A Primeira Noite

Capítulo 13 - A Primeira Noite, Jake e Mary
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Capítulo 13

A Primeira Noite


 
A minha Mãe, permaneceu toda a noite apoiando a amiga e vizinha Jane Campbell, na vã tentativa de consolá-la. Como se consola uma pessoa que perde o seu amor, mais a mais, numa guerra estúpida e sem qualquer sentido? O que se diz, ou o que se deve dizer não sei, acho até que ninguém sabe. Mas penso que devemos deixar que o coração fale naquele momento. As palavras que provêm do coração, são as mais indicadas porque são ditas com amor verdadeiro.

domingo, 18 de agosto de 2013

Capítulo 12 - Convite Para Jantar

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Capítulo 12

Convite Para Jantar

 
 
Ao pequeno-almoço, a minha Mãe e eu pusemos a conversa em dia. Falei-lhe da viagem e do que acontecera na prova de surf, cuja qual fora forçado a desistir devido ao embate do outro concorrente, que me partiu a prancha, sendo eu também penalizado.
─ Essas coisas acontecem, filho. Não te chateies com isso. Agora tens é de comprar uma prancha nova, tens dinheiro?
─ Não. Mas Mãe, nesse ponto não há nada a recear. Andy, também é shaper. Ele faz-me uma nova prancha, tenho é de ir ter com ele hoje depois do almoço, para ajudá-lo.
A minha Mãe ficou mais tranquila e disse-me para convidar Andy para jantar connosco esta noite.
─ Ok, eu digo-lhe.
Seguidamente, foi-se embora. Estava na hora de entrar ao serviço.
Enquanto arrumava a cozinha, na televisão falavam na guerra do Vietname nas notícias. Milhares de rapazes morriam neste conflito estupido e pedia-se mais voluntários para combater. A maioria dos rapazes da minha idade, tinham sucumbido e cedido à tentação, de serem combatentes e heróis de guerra, tornando-se assim, voluntários. Outros foram simplesmente convocados para ir, não podendo usar o seu livre-arbítrio para escolher. E eu, também poderia escolher, ou estava-me velada tal opção? Desconhecia a resposta por ora.
Deitei-me lá fora na rede, uma brisa fresca soprava e as nuvens corriam pelo céu loucamente, unindo-se umas às outras formando um lençol cinzento. O tempo estava a mudar, uma tempestade de Verão vinha a caminho. O mar agitava-se na fúria das ondas, que se debatiam de encontro às rochas e apaixonadamente beijavam com intensidade a areia da praia. Ao longe, começava a trovejar. Todo este cenário era lindo e assustador simultaneamente.
Após trancar as portas e as janelas, levantei-me da minha cama de rede na varanda e fui ter com Andy, que se encontrava no barracão. Estava a fazer a prancha. Esta era bem diferente da anterior que possuíra. Era mais pequena e mais maneirinha.
─ Hey, Jake! Tudo bem? E que tal, gostas da tua nova prancha? É uma fish, um modelo moderno. Vai ajudar-te a ter mais equilíbrio e permitir-te ser mais rápido a cortar as ondas!
─ Está muito porreira, Andy! Fixe! Gosto imenso. Obrigado.
Estava quase pronta, era só mais dois dias, talvez e já podia usá-la cavalgando as ondas. Ficámos a imaginar como este modelo seria bom para mim, seria até vantajoso nas provas e segundo o Andy, facilitava muito ao remar, pois era mais leve e deslizava melhor.
─ Andy, a minha Mãe convidou-te para jantares connosco esta noite.
─ Ah, está bem. A que horas?
─ Às 21h30. Pode ser?
─ Sim, pode sim. Lá estarei. Levas a Mary?
─ Não.
─ Porquê, Jake?
─ A minha Mãe ainda não sabe, nem os pais dela.
─ Porque não contas?
─ É cedo, meu. Queremos fazer as coisas como manda a tradição e como está na religião dela.
─ Hmmm, sabes, vais ter que te converter ao judaísmo…
─ Quem, eu? Nem tenho religião, meu!
─ Pois, mas se queres fazer as coisas como deve ser, vai ter de ser assim. Como é que vocês estão? ─ Indagou Andy, estendendo-me uma cerveja. Depois sentou-se na bancada, perto da prancha.
─ Estamos bem. Ontem pedi-a em namoro!
─ Sério? E ela, aceitou?
─ Aceitou, amigo.
E então, falei-lhe do incidente na casa dela. Ele divertiu-se com a história, mas advertiu-me para ter cuidado. Se os pais dela soubessem de tudo, antes de nós contarmos, seria péssimo para o nosso amor. Eles poderiam não aceitar.
De seguida, fui para casa e despedi-me do Andy, com um até já, lembrando-o do jantar em minha casa. Às 21h30, a campainha da porta tocou e como estava a terminar de escrever no bloco de notas, um verso para fazer um poema para a minha amada, gritei para a minha Mãe ir atender. Ela murmurou qualquer coisa que não entendi, mas foi e de seguida ouvi-a gritar como se se tivesse assustado, ouvi ainda uma coisa cair no chão, que se partiu estilhaçando-se e, largando tudo, corri aflito até ela.
─ Que aconteceu?! ─ Exclamei confuso, ao encontrar a minha Mãe desmaiada no chão e Andy, de volta dela tentando socorrê-la.
Andy, balbuciou um “Não sei…”, que me deixou desconfiado de que ele sabia alguma coisa que estava a esconder-me e quando a minha Mãe recuperou os sentidos, ao perguntar-lhe o motivo do desmaio, ela disse que tinha tido apenas uma quebra de tensão.
No chão havia estilhaços de cerâmica e bocados de batata por todo o lado, Andy ofereceu-se para ajudar-me a limpar, mas em silêncio.
O jantar, correu bem mas havia ali algo que me estava a escapar… A minha Mãe parecia evitar o contacto visual com Andy e ele, seguia o seu exemplo. Durante a conversa, só eu é que falava e quando me calava, ficava um silêncio muito tenso.
─ Vocês já se conheciam antes? ─ Arrisquei perguntar.
Então, Andy engasgou-se subitamente e ninguém respondeu à pergunta, porque entretanto, Jane, ─ a nossa vizinha, ─ entrou em nossa casa desfeita em lágrimas, anunciando que o seu marido Thomas tinha sofrido um atentado no Vietname, tendo morte imediata…
A minha Mãe amparou Jane e o jantar terminou por ali. Ela tinha de dar apoio à amiga. Andy, foi para casa e ficou combinado que conversaríamos melhor no dia seguinte.
Deitado na cama, pensava em tudo o que tinha acontecido e quanto mais pensava, mais estranhava. De certeza que eles se conheciam, mas de onde?
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 25 de Agosto de 2013)
 

domingo, 11 de agosto de 2013

Capítulo 11 - Olhos Nos Olhos


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Capítulo 11


Olhos Nos Olhos


Chegámos de madrugada a Huntington, Andy deixou-me à porta de casa.
 
─ Pronto, puto, estás em casa.
 
─ Obrigado, Andy.
 
─ Vá, vai descansar. Amanhã temos a tua prancha para fazer.
 
─ É verdade. Amanhã, ou logo?
 
─ É logo, mas como ainda não dormi, acabo sempre por dizer amanhã.
 
─ Pois, entendo. A que horas queres que apareça?
 
─ Às 14h00, dá para ti?
 
─ Sim, claro. Vejo Mary de manhã e depois vou ter contigo.
 
─ Ok, então ficamos assim. Até logo!
 
─ Tchau, Andy ─ e a carrinha arrancou prosseguindo a sua curta viagem.
 
Abri o portão e parei, olhei o céu estrelado. “Mary…”, murmurei baixinho. Estava com saudades dela. O relógio marcava 4h30, não tardava muito para o sol nascer saudando o novo dia. Mas ao mesmo tempo, sentia que faltava uma eternidade para estar com ela. “O que fazer então? Vou dormir, ou vou ter contigo?”, questionei-me pensando em voz baixa.
 
Saí pelo portão, fechando-o atrás de mim decidido a ir até à janela do quarto dela. Depois, logo veria o que faria. Se ela estivesse acordada, seria óptimo. No entanto, era mais provável que estivesse a dormir. Ela não sabia que eu chegava hoje, nem quando chegaria, por isso, não contava que estivesse acordada. O meu coração batia descompassado, chamando o seu nome como se cantasse a mais doce das melodias de amor.
 
Subi o muro da casa dela e como estava ainda muito escuro, coloquei mal o pé e ao galgar o muro esfolei a perna, ferindo-a. Gemi um pouco mais alto que devia, sentindo o sangue morno escorrer da ferida. As luzes da casa acenderam-se e eu corri pelo jardim, para me esconder. Olhei procurando a mangueira para me lavar, estava perto do baloiço. “Óptimo”, pensei “assim, posso lavar-me”. De seguida a porta abriu-se e eu encolhi-me atrás do roseiral, que ao agachar-me bruscamente, me fez picar o braço na roseira. Olhei e vi um homem de meia-idade, de roupão de seda azul-escuro e com pijama, com chinelos castanhos.
 
─ Quem está aí? ─ Perguntou.
 
Mantive-me em silêncio e escondido.
 
Joshua, está aí alguém? ─ Ouviu-se uma voz feminina, do interior da casa.
 
─ Eu pensava que sim, pelo barulho. Contudo, não vejo ninguém, Hannah. ─ Respondeu o homem.
 
Deve ter sido impressão tua. Anda deitar-te, ainda acordamos a vizinhança por nada…
 
─ Tens razão, Hannah. Já estou a ir, Amor… ─ e voltou para casa, fechando a porta. Aguardei que as luzes da casa se voltassem a apagar, para me lavar e sair rápido dali. Aquele homem, devia ser o pai de Mary e a voz da mulher que se ouviu, devia ser da mãe dela. Tinha de me despachar e ir-me embora o quanto antes. Não seria bom encontrarem-me ali àquela hora da madrugada, conhecendo-me como namorado da sua única filha. Isto poderia trazer problemas para nós, certamente.
 
Assim, mal se apagaram as luzes corri cautelosamente até à mangueira, lavei-me e é ao fechar a torneira, que alguém me toca no ombro. “Fogo, já fui apanhado”, exclamei em pensamento.
 
─ Estás caçado!
 
Era Mary, voltei-me para ela e beijei-a apaixonadamente.
 
─ Assustaste-me, Amor!
 
─ Eu sei, fiz de propósito! ─ Exclamou com um sorriso maroto. Vem comigo, ─ disse pegando-me pela mão. Fomos para as traseiras da casa dela, onde estava a piscina.
 
─ Pensei que estivesses a dormir.
 
─ Nãaaa, nem podia mesmo. Sabia que chegavas hoje e, depois, chamaste-me. Eu ouvi.
 
─ Como assim, ouviste? ─ Perguntei intrigado.
 
─ Vais dizer que não me chamaste?!
 
─ Chamei-te em pensamento, quando vinha para aqui. Não foi em voz alta!
 
─ Eu sei, Amor. Eu senti, no meu coração. ─ E beijou-me saudosa. ─ Amo-te tanto. Nunca duvides disso.
 
─ Claro que não, Mary. Também te amo muito.
 
─ Agora deixa-me tratar-te esses arranhões.
 
─ Vai doer…? ─ Perguntei a medo.
 
─ Não acredito que me perguntaste se vai doer!
 
─ Porquê?
 
─ Simples, pareces um bebé grande! ─ E riu-se troçando de mim. ─ Sim, vai doer um pouco. Mas depois, eu dou beijinho e o doi-doi sara.
 
Abracei-a contra o meu peito e olhei-a profundamente nos olhos.
 
─ Amo-te, Mary. Para sempre.
 
─ Ena, ena! Isso tudo é por te tratar do doi-doi, é, meu bebé?!
 
─ Não. Isto tudo é por te amar. Tenho uma coisa para ti, mas não sei se vais gostar… ─ Introduzi a mão no bolso e dei-lhe um anel. ─ Não é ouro, não tenho dinheiro para comprar-te um desses, ainda. Mas é simbólico… Mary, queres namorar comigo? ─ Ajoelhei-me a seus pés declarando-me.
 
─ É lindo, Amor! Adoro e sim, quero namorar contigo, amo-te e beijámo-nos apaixonados.
 
Meia hora mais tarde, deitei-me feliz na minha cama. Mary, era minha namorada.

 
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 18 de Agosto de 2013)


domingo, 4 de agosto de 2013

Capítulo 10 - Red e Lucy

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Capítulo 10

Red e Lucy

 
Faltavam duas semanas para o campeonato de surf da minha região e os treinos continuavam. Treinava todos os dias intensamente, queria ficar bem qualificado e Andrew sabia bem como puxar por mim. Mas antes deste campeonato, houvera outro onde participei. Porém, desta vez não me correu tão bem, como da primeira vez em Venice… Partimos para San Diego, directamente para a praia de Ocean Beach. Foram cerca 5h00, 142 Milhas/228Km de distância de casa até lá, porque tivemos de parar uma hora para Andy descansar. Esta viagem foi um bocado mais longe e mais longa, do que eu pensava. Andy disse-me que deveria acostumar-me, porque havia uma grande tendência para estas viagens serem cada vez mais longas e demoradas.
Passei a maior parte do caminho da viagem a San Diego a pensar em Mary. Estava completamente apaixonado. Mary vinha ver o meu treino ao fim da tarde, depois ficávamos a namorar e a conversar um pouco. Todos os dias acompanhava-a a casa ao anoitecer. O nosso namoro era estável e harmonioso, brincávamos e riamos muito nos nossos encontros. Porém, na noite da nossa despedida ela veio ter comigo. Disse que teria muitas saudades minhas, do meu abraço, dos meus beijos… Eu respondi que também ia ter saudades e então, começamo-nos a beijar. Durante o passeio ao luar, os nossos beijos tornaram-se ardentes, apaixonados e então entrámos para dentro da gruta. As carícias eram cada vez mais intensas e o desejo de a ter, aumentava vigorosamente dentro de mim. Percebendo o meu desejo, Mary empurra-me e dizendo que me ama, sai a correr para casa. Desconcertado, chamo-a e ela pára, volta-se dizendo apenas:
─ Depois!
E continuou correndo em direcção a casa. Queria mais, queria conhecê-la por dentro e saciar o nosso desejo.
Inicialmente as coisas estavam a correr bem, no campeonato em Ocean Beach. Já estava no 2º lugar e com uma excelente pontuação. Andy e eu, estávamos muito animados. Porém, surgiu um problema que me forçou a desistir do campeonato e regressarmos a Huntington inesperadamente. Um surfista extremamente ganancioso chocou contra mim, para apanhar a onda que eu já havia apanhado e que estava a dropar na perfeição! O resultado disto foi uma prancha partida, a minha, e a desqualificação do outro concorrente não somente na prova, como também do campeonato! Os juízes estavam atentos. Contudo, sem prancha não poderia continuar e como só tinha aquela, tive de desistir e regressámos a casa mais cedo.
A inveja é realmente um caso sério e eu detestava desistir. Para mim, desistir era pior que perder, porque quando se perde é sinal de que participámos de algo, sinal de que tentámos. Enquanto que a desistência é um abandono e demonstra que a pessoa não tem capacidade, nem tem competência para lutar pelos seus objectivos.
Fiquei chateado e meio amuado durante grande parte da viagem de regresso, Andy respeitou o meu silêncio até um certo momento. Mas depois, ele falou na tentativa de me tranquilizar.
─ Deixa lá, Jake, não te preocupes. Eu faço-te uma prancha nova, daquelas mesmo à maneira e podes participar do campeonato em Huntington.
─ Tu não entendes, meu. Não gosto de desistir de nada nesta vida.
─ Tinhas outra alternativa?
─ Nop e é precisamente isso que mais me chateia!
─ Ganhar, perder e desistir faz tudo parte do mesmo.
─ Não, não faz!
─ Claro que faz, puto. Repara que para se desistir de algo, primeiro tem que se participar. Sem participação não há vitória, nem derrota e muito menos desistência. Não há nada, percebes?
─ Sim, mas desistir mostra falta de capacidade e falta de Fé.
─ Nem sempre, meu amigo. No teu caso, não foi nada disso. Desistimos porque não tinhas a “ferramenta” principal para continuares na competição. Partiu-se a prancha, foi um acidente e acidentes acontecem.
─ Mas isto não foi um acidente! Ele fez de propósito!
─ Disparate, claro que foi um acidente. Ele não queria ser desclassificado, não te parece? O que ele queria era a onda e nada mais, mas nem sempre as coisas são como nós queremos.
─ É bem-feito para ele ter sido penalizado!
─ Jake, cuidado com esse ódio. Olha que quando ficas contente com a desgraça alheia, ou desejas mal aos outros, isso vem para ti. É a lei do retorno e esta é como um boomerang, o que dás é-te devolvido em dobro. Não importa que tipo de sentimento seja usado, esta é a lei universal.
Então, calei-me. Reflecti em tudo o que Andy me estava a dizer. Ele parecia ser apenas um surfista reformado, um simples surfista, mas quando ele falava assim parecia um filósofo, um mestre espiritual. Andy, continuou:
─ Jake, há momentos na vida em que somos obrigados a desistir do que mais queremos, até dos nossos sonhos, mesmo de um grande amor…
─ Já foste forçado a isso? ─ Perguntei cauteloso. Pelo olhar triste de Andy, compreendi que ele não se estava a referir à sua carreira de surfista, mas sim à tal mulher.
─ Sim, fui. Mas tal como tu, não tive opção.
─ Foi um grande amor?
─ Sim. Apaixonei-me por uma linda rapariga numa quente noite de Verão. Foi amor à primeira vista, ela era divertida, dinâmica e independente. Estava por cá de férias na casa dos pais. Ela também gostou de mim assim que me viu, o nosso olhou cruzou-se e… bum! Apaixonámo-nos e foi fulminante! Comecei a namorar com a Red 3 dias depois…

domingo, 28 de julho de 2013

Capítulo 9 - Sejamos Loucos


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Capítulo 9

Sejamos Loucos


Cheguei à praia e vi-a no pontão, Mary olhava o mar abraçando-se a si mesma. O sol deitava-se no oceano, onde fizera das ondas o seu leito e esperava pela sua tão amada lua. O vento despenteava os cabelos longos de Mary e fazia o seu vestido de Verão, verde água, esvoaçar, como se bailasse ao som de uma música celeste. Permaneci contemplando-a por breves segundos e depois, caminhei até ao seu encontro. Ao ver-me, correu para mim e abraçou-me, beijando-me e pedindo-me que a abraçasse:
 
─ Abraça-me, Jake.
 
Perante aquele pedido, abracei-a mas fiquei preocupado. Ela parecia assustada. Ficamos assim abraçados durante alguns momentos, em silêncio e senti-a tremer. Estava a chorar, a minha t-shirt azul ficou molhada com as suas lágrimas.
 
─ O que tens, Mary? ─ Perguntei preocupado.
 
─ Jake, tenho que te dizer uma coisa mas não sei como fazer isso, porque nunca o fiz antes… ─ Disse limpando os seus olhos, agora mais verdes e intensos como nunca havia visto.
 
─ Chiiiiiu, acalma-te, não tens de me contar nada que não queiras contar. ─ Murmurei abraçando-a de encontro a mim para acalma-la.
 
─ Tenho sim, Jake. Precisamos conversar.
 
─ Ok, Mary, está bem.
 
Mary, pegou na minha mão e levou-me para a praia. Sentou-se na areia e eu, segui-lhe o exemplo.
 
─ Jake, desde que te reencontrei, mudei. Comecei a interessar-me por coisas que não conhecia, como o surf e o meu comportamento mudou também. Não conseguia deixar de pensar em ti, ─ ainda não consigo, nem consigo dormir. Depois de me esgotar em pensamentos há algumas noites atrás, adormeci e tive um sonho onde me apareceste, só que nem tu eras tu e eu também não era eu!
 
─ Como assim, Mary?
 
─ Tínhamos outros corpos, não estes. Porém, ao olhar-te nos olhos, soube que eras tu. No sonho vi que nos amámos há muito tempo atrás, fomos um casal. Depois, quando me beijaste naquela manhã, lembrei-me do sonho… E, és tu. Jake, és tu o amor da minha vida. Estou apaixonada por ti… ─ E ao declarar-se, baixou os olhos timidamente.
 
Beijei-a numa explosão de alegria e disse:
 
─ Amo-te, Mary, amo-te. ─ Acariciei-lhe o rosto e olhei-a nos olhos. ─ Mas, porque choravas, Amor?
 
─ Porque primeiro; nunca me declarei, cabe aos homens darem esse passo. Segundo, não tinha a certeza se me corresponderias, ─ embora me tivesses beijado… E terceiro, tive medo que me achasses louca!
 
─ Louca? Mary, não te acho louca. Eu sinto o mesmo por ti, desde que nos reencontramos na loja. Também não consigo dormir, por pensar só em ti, 24 horas por dia. Estou perdidamente apaixonado por ti. Amo-te. Sejamos loucos, então!
 
Ela beijou-me e aninhou-se de encontro ao meu peito, abracei-a.
 
─ Acreditas em vidas passadas, em Almas Gémeas?
 
─ Antes de te conhecer, essa ideia não me parecia real, de todo. Mas agora que estamos juntos, parece-me que essas teorias são possíveis. Portanto, acredito. Safira tinha razão!
 
─ Quem é essa Safira? ─ Perguntou Mary um pouco ciumenta.
 
─ Ahahah! Não estejas com ciúmes, Amor. Safira, foi uma cigana que me fez uma consulta de Tarot e falou-me no meu destino. Ela disse que brevemente iria encontrar um amor do passado, que essa mulher era a mulher da minha vida e que eramos Almas Gémeas.
 
─ A sério?
 
─ Sim, a sério. E eu mostrei-me incrivelmente céptico! Ela não ficou nada impressionada, disse que quando reencontrasse a mulher da minha vida, isso ia passar e mudaria de opinião. E não é que está a aconteceu exactamente como ela disse que seria?! UAU!
Conversamos e namoramos mais um pouco, depois fui levá-la a casa. Despedimo-nos com um beijo, com a certeza de que esta noite não ficaríamos insones. Deixei-a em casa e fui ter com Andy.
─ Hey, meu! Que surpresa, estava a pensar em ti! Está tudo bem, dormiste?
 
─ Sim, dormi ─ respondi afirmativo e puxei uma cadeira sentando-me, virando as costas da cadeira para a minha frente.
 
─ Ainda bem, estava preocupado. Mas agora noto que estás diferente, pareces até mudado, mais alegre! O que aconteceu?
 
─ Bem, já que falas nisso e notaste que estou diferente, vou contar-te. Estive com Mary e, bom, somos namorados.
 
─ A sério, puto? Que fixe! Parabéns, pá! ─ Exclamou dando-me uma palmada nos ombros. Hoje é só boas notícias!
 
─ Então?
 
─ Vai haver um campeonato em Ocean Beach, San Diego a semana que vem. Queres ir, puto?
 
─ É claro que quero! Isso é pergunta?!
 
─ Ahahah, então como agora tens uma namorada, podias não querer ir! ─ Exclamou Andy, metendo-se comigo.
 
─ Achas mesmo?
 
─ Nop, estava a brincar contigo.
 
─ Estava aqui a pensar que era bom que ela também fosse.
 
─ O rapaz perdeu o juízo! Onde pensas que estás? Além disso, ela é judia. A família dela deve ser muito tradicionalista, conservadora… Duvido mesmo muito que deixassem ela ir contigo.
 
─ Pois, és capaz de ter razão. Ainda não os conheço…
 
─ E mesmo que já os conhecesses, isso não ia acontecer. Vocês têm que ter cuidado.
 
─ Cuidado, com o quê?
 
─ Com a família dela.
 
─ Então?
 
─ Então, tu não professas a mesma religião que eles e isso pode trazer problemas aos dois.
 
─ Eu não tenho propriamente religião…
 
─ Pois, mais me ajudas…
 
Os dias passaram e a cada dia, estávamos mais apaixonados um pelo outro. Mary, ia ver-me surfar ao fim da tarde. Umas vezes vinha sozinha, noutras vinha com o Mike. Mike, sabia do nosso namoro e apoiava-nos. Mas a família ainda não sabia que Mary namorava com um rapaz surfista, era cedo para oficializar o nosso amor. Namorávamos há uma semana e entendíamo-nos perfeitamente. Havia momentos em que adivinhávamos o pensamento um do outro, não discutíamos e tínhamos muita confiança um no outro também.
 
A despedida para o campeonato na Praia de Ocean, foi difícil para ambos. Mas era um mal necessário, seria bom para mim esta prova. Já não conseguíamos estar separados muito tempo.
 
Entretanto, nos jornais e na televisão falava-se no conflito levado acabo no Vietname, onde milhares de rapazes morriam à mercê das tropas vietnamitas, do Vietname Sul. Era uma tristeza sem tamanho… Os hippies manifestavam-se pedindo o fim da guerra e desejando a paz.
Afinal, a Era da Paz e do Amor Livre tinha nascido a nova filosofia onde se fundamentava a Nova Era, a Era de Aquário que mencionava os reencontros terrenos entre Almas Gémeas, assim falavam os místicos e os hippies.
 
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 4 de Agosto de 2013)
 


domingo, 21 de julho de 2013

Capítulo 8 - O Primeiro Beijo

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Capítulo 8

O Primeiro Beijo

 
Passaram-se alguns dias, desde que encontrara Mike e Mary na loja. Desde então, nunca mais a tinha visto, nem ao Mike mas também não a tinha esquecido. De dia pensava nela, de noite sonhava. Isto quando conseguia adormecer, porque dormir mesmo a noite inteira, começava a ser uma raridade! Agora era sempre assim, pouco ou nada dormia, não importava se estava muito ou pouco cansado. Não parava de pensar nela…

Uma hora após ter acordado, levantei-me. Estava cansado de dar voltas na cama vazia. Como não conseguia dormir, fui para a praia pescar. Era o melhor que podia fazer, pelo menos distraía-me com a linda paisagem. Mais tarde, iria surfar à hora combinada sob as instruções de Andy. Este era o plano. No entanto, eu não estava sozinho naquela praia como pensava, porque sem que eu esperasse umas mãos vendaram os meus olhos.

─ Quem és? ─ Perguntei, mas ninguém me respondeu. Então, como desejava que fosse Mary, arrisquei e disse o seu nome. ─ Mary?

─ Como soubeste que era eu?! ─ Disse ela saindo de trás de mim, surpreendida.

─ É fácil, o toque é feminino. As mãos das mulheres são mais suaves.

─ Humm, muito espertinho, tu! O que fazes aqui a esta hora, ainda nem amanheceu!

─ Não tinha sono e vim pescar para descontrair. É bom para acalmar a mente. ─ Respondi.

─ Ui, o que é que te anda a tirar o sono? Não me digas que sou eu! ─ Disse na brincadeira.

─ Claro, que não... Só estou ansioso com o campeonato, é isso. ─ Respondi com uma meia verdade. Estava surpreendido com a percepção de Mary. Como podia ela saber?! Conhecíamo-nos havia poucos dias e ela já percebera meus sentimentos! As mulheres tinham uma intuição excepcional, realmente. "Boa, Jake, realmente és muito bom a guardar segredos. Idiota!", suspirei censurando-me em pensamento.

─ Estás mesmo preocupado! Que campeonato é esse, também posso participar?! ─ Perguntou Mary com entusiasmo.

─ É mais ansiedade o que sinto, do que preocupação. O campeonato de que estou a falar, é de surf e realiza-se nesta praia daqui a 14 dias, do qual sou participante. Era porreiro se entrasses! Praticas surf?

─ Não, mas gostava. Mas tudo bem, não posso. O meu pai também não me deixava.

─ Então porquê? ─ Perguntei interessado.

─ Não é óbvia essa resposta?!

─ Não.

─ Ok, está bem, eu explico. É porque sou uma mulher, Jake.

─ E o que é que tem de seres mulher?

─ A minha família é muito tradicionalista, conservadora. Os meus avós são judeus e quando se deu a segunda guerra mundial, fugiram da Alemanha e vieram no porão de um navio para cá. Vinham cheios de esperança para começar uma nova vida. América, o país da liberdade e da realização dos seus sonhos.

─ E os teus avós que vieram para cá, eram paternos ou maternos?

─ Eram paternos, os meus avós maternos já cá estavam e eram amigos da família dos meus outros avós. Foi assim que os meus pais se conheceram, ficaram noivos e casaram. Seguiram os preceitos judaicos a rigor e transmitiram-me esses mesmos valores.

Eu ouvia-a atentamente e a cada palavra, a cada movimento do vento nos seus longos cabelos ondulados louros, deixava-me mais apaixonado por aquela jovem que era prima do meu melhor amigo: Mary. Até que um peixe mordeu o isco e a história foi interrompida! Numa grande animação tirámos o peixe de dentro de água, Mary prontificou-se a ajudar sem que lhe pedisse auxílio. Ela era dinâmica, activa, cheia de iniciativa e muito perspicaz também. O vestido esvoaçava levemente com os seus movimentos e revelava-me a perfeição do seu corpo de mulher. Seus seios eram redondos, mas não muito grandes, a cintura era fina e bem delineada, assim como as suas coxas e pernas. Pareciam terem sido esculpidas por escultores célebres da história da arte, tais como Miguel Ângelo, ou Leonardo Da Vinci. Suspirei fechando os olhos apreciando o momento, sem ela perceber, até que houve um movimento imprevisível a manejar a cana que nos enrolou um no outro, no fio de pesca. Os nossos corpos tocavam-se e as nossas bocas roçaram-se por breves instantes, numa respiração quente e ofegante. Senti os seus seios redondos, aumentarem de volume de encontro ao meu peito musculado, naquele momento de excitação. Então parámos e ao olharmo-nos nos olhos ficámos em silêncio. A lua iluminava os belos olhos de Mary, verdes como o mar e as nossas bocas uniram-se num longo beijo apaixonado. E que beijo, meu Deus! Tão doce. Tão quente, molhado, intenso deixando-me muito excitado, mas no momento em que minhas mãos avançavam precipitadas pelos seus seios, ela empurrou-me e já desembaraçado do fio desequilibrei-me e cai no chão.

─ Tenho de ir... ─ Declarou, saindo a correr subitamente.

─ Mary... ─ Chamei-a, mas ela não respondeu e desapareceu em direcção a casa.

Fechei os olhos e deixei-me ficar deitado, a recordar o momento vezes sem conta. Mas por outro lado, fiquei confuso. Teria ela ficado chateada por causa do nosso beijo...? Ou ela empurrou-me e fugiu por ter gostado? Claro que ela não tinha gostado, fui demasiado ousado e atrevido!

─ Jake, és um idiota! ─ Murmurei sentado na praia. ─ Estraguei tudo com a Mary... ─ e dizendo isto, as lágrimas molharam o meu rosto. Limpei-o em seguida, já era dia e o sol estava a nascer. Andy, acordara e eu não queria que ele me visse assim.

─ Bom dia, puto! Já cá estás? ─ Perguntou Andy ao abrir a porta da sua casa.

─ Olá, Andy. Bom dia. ─ Respondi pensativo e comecei a arrumar o material de pesca. A linha estava partida e tinha deixado o peixe fugir.

─ Estás aí há quanto tempo? ─ Perguntou.

─ Desde as 4h30...

─ Madrugaste hoje! O quê, caíste da cama abaixo, foi? - Brincou. ─ Tens de controlar essa tua ansiedade.

─ Pois tenho...

─ Anda daí, vem tomar o pequeno-almoço comigo.

─ Obrigado, Andy, mas não tenho fome. Desculpa.

─ Hoje estás esquisito. O que se passa contigo? Foi a tua mãe?

─ Não, não foi nada. Está tudo bem. Vamos treinar?

─ Ok, ok, hoje não estás com muita disposição para conversas. Não é? Estou a compreender-te. ─ Dizendo isto, fez um gesto para eu ir andando. ─ Vai.

Ele já iria ter comigo depois do pequeno-almoço e obediente, fiz o que ele me indicava com o gesto. Peguei na prancha e nadei com ela até onde costumava ir, para cavalgar nas ondas. Depois, esperava e concentrava-me profundamente. Eramos só nós, o céu, o mar, a brisa, Deus e eu. Para mim o sol era a face de Deus, ou pelo menos era assim que eu pensava.

Tentei esperar por Andy, mas hoje estava demasiado nervoso, impaciente. Sentia-me confuso e perturbado, mas também muito apaixonado.

Logo depois chegou o Andy que foi ajudar-me a desenvolver-me nos tubos. Adorava fazer isto, entrar dentro das ondas. Era espectacular!

E assim começava o meu dia, seguindo para casa para almoçar, regressando depois à tarde para surfar novamente. Mas hoje, não me estava a apetecer ir para casa. Com a sorte que estava a ter, ainda ia dar de caras com o Mike que depois, provavelmente, me pediria contas por causa de Mary. Afinal eles eram primos direitos... Talvez devesse ficar com Andy e tentar dormir ali, pois esta noite não pregara olho por estar a pensar em Mary. E a lembrança daquele beijo veio à minha mente, outra vez. Foi tão quente que quando penso no beijo, ardo por dentro. Terei errado tanto assim?

Agora mais do que nunca tinha a certeza, era Mary a mulher da minha vida. No meio destes pensamentos, distraí-me e perdi o equilíbrio caindo ao mar. Vi Andy bracejar à beira do mar, mas como estava tão absorto nos meus pensamentos não percebi o que ele dizia e bati contra outro surfista que estava perto. O nome dele era Dilan.

─ Hey, estás cego ou quê, meu? Vê mas é para onde vais!

─ Desculpa, Dilan. Não te vi, estava distraído…

─ Distraído?! Estás a precisar é de estar com uma mulher, isso sim!

Não lhe dei resposta e remei até à praia. Andy, que tinha assistido a tudo, perguntou imediatamente:

─ O que foi aquilo, puto? Passaste-te?!

─ Distraí-me…

─ Distraíste-te? Ouve lá, faltam duas semanas para o campeonato. Não te podes simplesmente distrair, Jake! Concentra-te, meu.

─ Desculpa, não volta a acontecer.

─ Vê se atinas!

Andy deu-me um enorme sermão. Ele tinha razão, tinha de concentrar-me, ou poderia esquecer o campeonato. Perguntou-me o que se passava comigo e eu contei-lhe a verdade, falei-lhe de Mary e no que tinha acontecido.

─ Ah, então é isso! Encontraste-a. Compreendo, mas não te preocupes. Ela volta.

─ Achas?

─ Sim, dá-lhe tempo. Ela assustou-se, provavelmente, está confusa também. Isso passa!

Depois desta conversa esclarecedora, fui para casa dormir, ou pelo menos tentar. Precisava descansar, mas desta vez dormi mesmo. Foi toda a tarde.

Fui acordado pelo telefone, que tocava insistentemente. Atendi, mas ao levantar o auscultador desligaram do outro lado da linha sem que eu tivesse tempo de falar. Praguejei aborrecido e após por o auscultador no local, vi debaixo da porta da rua um papel dobrado.

Intrigado, cocei o queixo proeminente e bem barbeado, apanhei a folha de papel do chão, que estava dobrada em duas e li-a. Nela estava escrito o seguinte:

Jake,
 
Vem ter comigo à praia ao pôr-do-sol.
Precisamos conversar.
Mary
 
Guardei o bilhete no bolso dos calções e fui para a praia espera-la. Estava na hora.
 
 
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 28 de Julho de 2013
 



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