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Capítulo 18
Nathaniel Stein
Sábado, segundo
dia do Campeonato de Surf, da Praia de Huntington. As provas desse dia
correram-me muito bem, apesar de ter dormido pouco na noite anterior… Porém,
estava concentrado e confiante. Fazer amor com Mary, reequilibrava-me as
energias a vários níveis. Sentia-me sempre renovado. Consegui fazer alguns drops, um swell e um tubo,
o que me remeteu directamente para a primeira posição Ex équo com o
concorrente Australiano, Tommy Storm.
Desta vez, vieram
todos assistir! A minha Mãe, Andy, Mike, todos os meus amigos e colegas do
liceu, a Mary e o primo dela, o Nate. Estava feliz, embora não fosse do meu
agrado ver os olhares cúmplices que ele trocava com ela, nem tão pouco vê-lo
com o braço dele sobre os seus ombros e mais tarde, envolvendo a sua cintura…
Imediatamente, o fogo intenso dos ciúmes queimou-me o peito. Contudo, ao
terminar o concurso, Mary correu para os meus abraços e abraçou-me, dizendo:
─ Parabéns! Foste
formidável ─ e dizendo isto, beijou-me no rosto, preservando a sua imagem
imaculada perante toda a gente. Depois segredou-me ao ouvido:
─ Tudo o que mais queria agora era beijar-te em
frente de todos, mas não posso… Amo-te. ─ Disse abraçando-me.
Este gesto tranquilizou-me,
acalmando os meus ciúmes. Olhei-a fixando-a apaixonadamente e disse-lhe
gesticulando:
─ Logo. Temos tempo!
Seguidamente, a família,
os amigos e colegas, vieram para felicitar-me e para abraçar-me. Mary
afastou-se, oferecendo-lhes o seu lugar, indo para junto do primo Nathaniel. O
pessoal elevou-me nos braços dando vivas! Achei um tanto exagerado este gesto,
o campeonato estava a meio e ainda estava tudo por decidir. Amanhã, domingo
logo se veria. Porém, era muito gratificante ser acarinhado e apoiado por todos
quanto amava. Eles acreditavam que eu iria ganhar o campeonato e encorajavam-me.
Então, Mary reaproximou-se novamente, mas desta vez estava acompanhada pelo seu
primo, Nathaniel.
─ Jake, está aqui
uma pessoa que gostava de te felicitar também e que quero que conheças. Este é
o meu primo Nathaniel Stein. Nate, este é o Jake Moore.
─ Ah, então este é
que é o famoso Jake! Parabéns, fizeste uma excelente prova.
─ Obrigado,
Nathaniel. Não é fácil fazer tubos, é preciso muita concentração.
─Chama-me Nate,
que é como os amigos me chamam. Mary, falou-me imenso de ti! É como se já te
conhecesse, ─ disse Nate, abraçando-a pela cintura com o braço e trocando com
ela um olhar, estranhamente cúmplice.
Nate, era uns 10
anos mais velho que nós. Um homem, portanto. Era meio atarracado e pela altura
de Mary, tinha cabelos pretos curtos, nariz comprido e queixo pequeno. Os olhos
eram negros e encovados, como o escuro da noite e a maçã-de-adão era bastante
proeminente. A pele era branca e movia-se com uma muleta, coxeando da perna
esquerda. Fora este o resultado daquela missão de resgate dos companheiros prisioneiros,
pelos soldados vietnamitas, numa aldeia algures no Vietname.
Senti um frio
desagradável percorrer-me a nuca e depois a espinha. Mas que raio se passava
ali?! Primeiro, apresentou-me como se fossemos bons amigos e agora, permite que
ele a abrace assim com tanta intimidade… Ela olhou-me meio comprometida e
constrangida. Eu devolvi-lhe o olhar, mostrando-lhe a minha incompreensão e
pela primeira vez, não conseguimos comunicar através do pensamento. Parecíamos
dois estranhos.
─ Bem, Jake, nós
já vamos. Conversamos outro dia, temos um jantar hoje. Não podemos chegar
atrasados, não é Mary? ─ Disse Nate.
─ Sim, é verdade…
Temos de ir. Até logo, Jake. ─ Disse Mary baixando os olhos.
─ Mas já?! Ainda
é cedo! ─ Exclamou Mike. ─ O jantar é só às 21h00 e são 18h00!
─ Pois é,
priminho mas Mary tem de ir preparar-se, vestir-se, etc. e eu também tenho que
fazer. Tu se quiseres, podes ficar. Nós já vamos, por isso até logo, Mike.
Tchau, Jake e boa sorte para amanhã ─ e dizendo isto, Nate levou Mary consigo e
com o braço por cima dos seus ombros, foram-se embora.
─ O que foi
aquilo? ─ Perguntei a Mike.
─ Sinceramente,
Jake, não sei. Não percebi nada.
─ Não gostei
dele. ─ Afirmei.
─ Estás com
ciúmes…?
─ Claro que
estou, não é, Mike? O braço ao redor da cintura dela, sobre os ombros dela… O
olhar cúmplice… Que raio de intimidade é aquela?! Não gostei, nem falei com
Mary como deve de ser… Nem nos despedimos! Ela ficou esquisita perto dele…
─ Pois, também
estranhei o seu comportamento. Logo ela vem ter contigo e depois fica tudo bem,
vais ver.
─ Não sei, nem
deu tempo para combinar nada…
─ Vocês já não
precisam combinar por palavras, basta um olhar. ─ Disse Mike, piscando-me o
olho.
─ Pois é, Mike…
Mas hoje pela primeira vez não consegui fazer isso com ela.
─ Não?! Então,
porquê?!
─ Não sei. A
presença de Nate, não nos deixou à vontade para isso…
─ Que estranho…
Bem, Jake, agora tenho de ir.
─ Ok, vai lá
então.
─ Eu telefono-te
depois do jantar, ok?
─ Combinado, meu.
─ Tchau, Jake e
tem calma.
─ Obrigado.
Fui para casa a
correr, cheio de pressa. Tinha de me despachar, que estava na hora de executarmos
o nosso plano. Ao chegar em casa, fui preparar-me e quando estava a lutar com a
gravata para tentar fazer o nó, Andy bate à porta:
─ Nós estamos
prontos. Já estás despachado, puto?
─ Nop, não estou
a conseguir fazer o nó da gravata como deve ser… Entra.
─ Ok, deixa ver lá
isso… ─ Disse Andy, vestido com um fato cinzento-escuro, camisa branca e
gravata do mesmo tom do fato, com riscas brancas.
─ Eh, lá estás
muito elegante!
─ Tu também,
filho. O fato azul-escuro, com a camisa branca também te fica bem. Agora só
falta pôr a gravata para dar o toque final. ─ Andy, pô-la no seu pescoço, fez o
nó e depois, colocou-a em mim. ─ Pronto já está! Estás muito bem, pareces um
noivo!
Vi-me ao espelho
e era verdade, realmente parecia um noivo. As riscas brancas e azuis na
diagonal, combinavam muito bem com o fato.
─ Vamos, então?
─ Vamos, meu.
A minha Mãe,
elegantemente vestida com um fato de saia e casaco castanho avermelhado
contrastando com os seus cabelos arruivados, a blusa bege dava o toque final.
─ Uau! Estás
linda, Mamã! ─ Exclamei elogiando com admiração.
─ Obrigada,
filho. Tu também estás lindo. Estás um homem… ─ Retrucou emocionada.
Saímos e seguimos
na carrinha de Andy. Era chegado o momento, o sol deitava-se no horizonte e deu
lugar à lua que não se distinguia no céu, por ser Lua Nova. Só esperava e orava
a Deus para Mary se lembrar do que combináramos antes, hoje estava tão
diferente…
Andy seguiu em
frente, virou duas vezes à esquerda contornando duas ruas e de seguida virou à
esquerda, parando em frente da porta da casa de Mary, a primeira casa à
esquerda. Faltava dez minutos para as 8 da noite.
─ Tens a certeza
de que queres mesmo fazer isto? ─ Indagou a minha Mãe, olhando para mim com ar
preocupado.
─ Sim, quero Mãe.
─ Então vamos a
isto, ─ Disse Andy. ─ Boa Sorte!
─ Obrigado, aos
dois ─ respondi.
─ Vai correr tudo
bem, ─ Disse Andy, tentando encorajar-me.
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 13 de Outubro de 2013)
*Nota: Devido a problemas técnicos, só hoje dia 7 de Outubro de 2013 foi possível excepcionalmente postar o Capítulo 18 da história de "Jake e Mary". Por esse facto, peço desculpa.
Obrigada.
Abraços,
Cris Henriques
(Autora)
Oi Cris :)
ResponderEliminarSerá que Mary esqueceu do combinado?!
Acho que sim...
bjs!