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Capítulo 12
Convite Para Jantar
Ao
pequeno-almoço, a minha Mãe e eu pusemos a conversa em dia. Falei-lhe da viagem
e do que acontecera na prova de surf, cuja qual fora forçado a desistir devido
ao embate do outro concorrente, que me partiu a prancha, sendo eu também penalizado.
─ Essas coisas
acontecem, filho. Não te chateies com isso. Agora tens é de comprar uma prancha
nova, tens dinheiro?
─ Não. Mas Mãe,
nesse ponto não há nada a recear. Andy, também é shaper. Ele faz-me uma nova prancha, tenho é de ir ter com ele hoje
depois do almoço, para ajudá-lo.
A minha Mãe ficou
mais tranquila e disse-me para convidar Andy para jantar connosco esta noite.
─ Ok, eu
digo-lhe.
Seguidamente,
foi-se embora. Estava na hora de entrar ao serviço.
Enquanto arrumava
a cozinha, na televisão falavam na guerra do Vietname nas notícias. Milhares de
rapazes morriam neste conflito estupido e pedia-se mais voluntários para combater. A
maioria dos rapazes da minha idade, tinham sucumbido e cedido à tentação, de
serem combatentes e heróis de guerra, tornando-se assim, voluntários. Outros foram simplesmente convocados
para ir, não podendo usar o seu livre-arbítrio para escolher. E eu, também
poderia escolher, ou estava-me velada tal opção? Desconhecia a resposta por ora.
Deitei-me lá fora
na rede, uma brisa fresca soprava e as nuvens corriam pelo céu loucamente,
unindo-se umas às outras formando um lençol cinzento. O tempo estava a mudar,
uma tempestade de Verão vinha a caminho. O mar agitava-se na fúria das ondas,
que se debatiam de encontro às rochas e apaixonadamente beijavam com
intensidade a areia da praia. Ao longe, começava a trovejar. Todo este cenário
era lindo e assustador simultaneamente.
Após trancar
as portas e as janelas, levantei-me da minha cama de rede na varanda e fui ter com
Andy, que se encontrava no barracão. Estava a fazer a prancha. Esta era bem diferente
da anterior que possuíra. Era mais pequena e mais maneirinha.
─ Hey, Jake! Tudo
bem? E que tal, gostas da tua nova prancha? É uma fish, um modelo moderno. Vai ajudar-te a ter mais equilíbrio e
permitir-te ser mais rápido a cortar as ondas!
─ Está muito
porreira, Andy! Fixe! Gosto imenso. Obrigado.
Estava quase
pronta, era só mais dois dias, talvez e já podia usá-la cavalgando as ondas.
Ficámos a imaginar como este modelo seria bom para mim, seria até vantajoso nas
provas e segundo o Andy, facilitava muito ao remar, pois era mais leve e
deslizava melhor.
─ Andy, a minha
Mãe convidou-te para jantares connosco esta noite.
─ Ah, está bem. A
que horas?
─ Às 21h30. Pode
ser?
─ Sim, pode sim.
Lá estarei. Levas a Mary?
─ Não.
─ Porquê, Jake?
─ A minha Mãe
ainda não sabe, nem os pais dela.
─ Porque não
contas?
─ É cedo, meu.
Queremos fazer as coisas como manda a tradição e como está na religião dela.
─ Hmmm, sabes,
vais ter que te converter ao judaísmo…
─ Quem, eu? Nem
tenho religião, meu!
─ Pois, mas se
queres fazer as coisas como deve ser, vai ter de ser assim. Como é que vocês
estão? ─ Indagou Andy, estendendo-me uma cerveja. Depois sentou-se na bancada,
perto da prancha.
─ Estamos bem.
Ontem pedi-a em namoro!
─ Sério? E ela,
aceitou?
─ Aceitou, amigo.
E então,
falei-lhe do incidente na casa dela. Ele divertiu-se com a história, mas
advertiu-me para ter cuidado. Se os pais dela soubessem de tudo, antes de nós
contarmos, seria péssimo para o nosso amor. Eles poderiam não aceitar.
De seguida, fui
para casa e despedi-me do Andy, com um até já, lembrando-o do jantar em minha
casa. Às 21h30, a campainha da porta tocou e como estava a terminar de escrever
no bloco de notas, um verso para fazer um poema para a minha amada, gritei para
a minha Mãe ir atender. Ela murmurou qualquer coisa que não entendi, mas foi e
de seguida ouvi-a gritar como se se tivesse assustado, ouvi ainda uma coisa
cair no chão, que se partiu estilhaçando-se e, largando tudo, corri aflito até ela.
─ Que aconteceu?!
─ Exclamei confuso, ao encontrar a minha Mãe desmaiada no chão e Andy, de volta
dela tentando socorrê-la.
Andy, balbuciou
um “Não sei…”, que me deixou desconfiado de que ele sabia alguma coisa que
estava a esconder-me e quando a minha Mãe recuperou os sentidos, ao
perguntar-lhe o motivo do desmaio, ela disse que tinha tido apenas uma quebra
de tensão.
No chão havia
estilhaços de cerâmica e bocados de batata por todo o lado, Andy ofereceu-se
para ajudar-me a limpar, mas em silêncio.
O jantar, correu
bem mas havia ali algo que me estava a escapar… A minha Mãe parecia evitar o
contacto visual com Andy e ele, seguia o seu exemplo. Durante a conversa, só eu
é que falava e quando me calava, ficava um silêncio muito tenso.
─ Vocês já se
conheciam antes? ─ Arrisquei perguntar.
Então, Andy
engasgou-se subitamente e ninguém respondeu à pergunta, porque entretanto,
Jane, ─ a nossa vizinha, ─ entrou em nossa casa desfeita em lágrimas, anunciando
que o seu marido Thomas tinha sofrido um atentado no Vietname, tendo morte
imediata…
A minha Mãe
amparou Jane e o jantar terminou por ali. Ela tinha de dar apoio à amiga. Andy,
foi para casa e ficou combinado que conversaríamos melhor no dia seguinte.
Deitado na cama,
pensava em tudo o que tinha acontecido e quanto mais pensava, mais estranhava. De
certeza que eles se conheciam, mas de onde?
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 25 de Agosto de 2013)
Oi Cris :)
ResponderEliminarMinha intuição me disse que Andy e a mãe de Jake,
já se conheciam!
Essa história está mais emocionante a cada capítulo...
bjs \o/
A história está muito boa. Por várias vezes já pensei em escrever, mas me falta a iniciativa.
ResponderEliminarBom dia
ResponderEliminarSempre na expectativa de novidades do próximo capitulo
Desejo um Domingo de Paz e Amor
Fique feliz
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http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/
kkkk agora to curiosa deixou o melhor pra semana que vem maldosa kkk, um belo capitulo hoje.
ResponderEliminarCris, mais um capítulo excelente...e sempre deixando uma dúvida no ar. Um abraço!
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