Image courtesy of phil1950 / FreeDigitalPhotos.net
Capítulo 10
Red e Lucy
Faltavam duas semanas
para o campeonato de surf da minha
região e os treinos continuavam. Treinava todos os dias intensamente, queria
ficar bem qualificado e Andrew sabia bem como puxar por mim. Mas antes deste
campeonato, houvera outro onde participei. Porém, desta vez não me correu tão
bem, como da primeira vez em Venice… Partimos para San Diego, directamente para
a praia de Ocean Beach. Foram cerca 5h00, 142 Milhas/228Km de distância de casa
até lá, porque tivemos de parar uma hora para Andy descansar. Esta viagem foi um
bocado mais longe e mais longa, do que eu pensava. Andy disse-me que deveria
acostumar-me, porque havia uma grande tendência para estas viagens serem cada
vez mais longas e demoradas.
Passei a maior
parte do caminho da viagem a San Diego a pensar em Mary. Estava completamente
apaixonado. Mary vinha ver o meu treino ao fim da tarde, depois ficávamos a
namorar e a conversar um pouco. Todos os dias acompanhava-a a casa ao
anoitecer. O nosso namoro era estável e harmonioso, brincávamos e riamos muito
nos nossos encontros. Porém, na noite da nossa despedida ela veio ter comigo. Disse
que teria muitas saudades minhas, do meu abraço, dos meus beijos… Eu respondi
que também ia ter saudades e então, começamo-nos a beijar. Durante o passeio ao
luar, os nossos beijos tornaram-se ardentes, apaixonados e então entrámos para
dentro da gruta. As carícias eram cada vez mais intensas e o desejo de a ter, aumentava
vigorosamente dentro de mim. Percebendo o meu desejo, Mary empurra-me e dizendo
que me ama, sai a correr para casa. Desconcertado, chamo-a e ela pára, volta-se
dizendo apenas:
─ Depois!
E continuou correndo em
direcção a casa. Queria mais, queria conhecê-la por dentro e saciar o nosso desejo.
Inicialmente as
coisas estavam a correr bem, no campeonato em Ocean Beach. Já estava no 2º
lugar e com uma excelente pontuação. Andy e eu, estávamos muito animados.
Porém, surgiu um problema que me forçou a desistir do campeonato e regressarmos
a Huntington inesperadamente. Um surfista extremamente ganancioso chocou contra
mim, para apanhar a onda que eu já havia apanhado e que estava a dropar na perfeição! O resultado disto
foi uma prancha partida, a minha, e a desqualificação do outro concorrente não
somente na prova, como também do campeonato! Os juízes estavam atentos. Contudo,
sem prancha não poderia continuar e como só tinha aquela, tive de desistir e
regressámos a casa mais cedo.
A inveja é realmente
um caso sério e eu detestava desistir. Para mim, desistir era pior que perder,
porque quando se perde é sinal de que participámos de algo, sinal de que
tentámos. Enquanto que a desistência é um abandono e demonstra que a pessoa não
tem capacidade, nem tem competência para lutar pelos seus objectivos.
Fiquei chateado e
meio amuado durante grande parte da viagem de regresso, Andy respeitou o meu
silêncio até um certo momento. Mas depois, ele falou na tentativa de me
tranquilizar.
─ Deixa lá, Jake,
não te preocupes. Eu faço-te uma prancha nova, daquelas mesmo à maneira e podes
participar do campeonato em Huntington.
─ Tu não entendes,
meu. Não gosto de desistir de nada nesta vida.
─ Tinhas outra
alternativa?
─ Nop e é
precisamente isso que mais me chateia!
─ Ganhar, perder
e desistir faz tudo parte do mesmo.
─ Não, não faz!
─ Claro que faz,
puto. Repara que para se desistir de algo, primeiro tem que se participar. Sem
participação não há vitória, nem derrota e muito menos desistência. Não há
nada, percebes?
─ Sim, mas
desistir mostra falta de capacidade e falta de Fé.
─ Nem sempre, meu
amigo. No teu caso, não foi nada disso. Desistimos porque não tinhas a
“ferramenta” principal para continuares na competição. Partiu-se a prancha, foi
um acidente e acidentes acontecem.
─ Mas isto não
foi um acidente! Ele fez de propósito!
─ Disparate,
claro que foi um acidente. Ele não queria ser desclassificado, não te parece? O
que ele queria era a onda e nada mais, mas nem sempre as coisas são como nós
queremos.
─ É bem-feito
para ele ter sido penalizado!
─ Jake, cuidado
com esse ódio. Olha que quando ficas contente com a desgraça alheia, ou desejas
mal aos outros, isso vem para ti. É a lei do retorno e esta é como um boomerang, o que dás é-te devolvido em
dobro. Não importa que tipo de sentimento seja usado, esta é a lei universal.
Então, calei-me.
Reflecti em tudo o que Andy me estava a dizer. Ele parecia ser apenas um
surfista reformado, um simples surfista, mas quando ele falava assim parecia um
filósofo, um mestre espiritual. Andy, continuou:
─ Jake, há
momentos na vida em que somos obrigados a desistir do que mais queremos, até
dos nossos sonhos, mesmo de um grande amor…
─ Já foste
forçado a isso? ─ Perguntei cauteloso. Pelo olhar triste de Andy, compreendi
que ele não se estava a referir à sua carreira de surfista, mas sim à tal
mulher.
─ Sim, fui. Mas
tal como tu, não tive opção.
─ Foi um grande
amor?
─ Sim.
Apaixonei-me por uma linda rapariga numa quente noite de Verão. Foi amor à
primeira vista, ela era divertida, dinâmica e independente. Estava por cá de
férias na casa dos pais. Ela também gostou de mim assim que me viu, o nosso
olhou cruzou-se e… bum! Apaixonámo-nos e foi fulminante! Comecei a namorar com
a Red 3 dias depois…
─ Red?! ─
Interrompi, ─ Nome curioso!
─ Pois, é que ela
tinha os cabelos cor de fogo e era assim que eu a chamava.
─ Ah, ok! Devia
ser bonita.
─ Sim, Jake, ela
era realmente linda. Continuando… Nós entendiamo-nos lindamente. Quando
fazíamos amor era perfeito, ela completava-me. Fizemos até planos para casar…
─ Sério? O que
correu mal, então?
─ É que Red,
andava sempre para todo o lado com uma colega que era a melhor amiga dela, mesmo
quando nos encontrávamos. Eu não gostava muito da ideia dela andar sempre com a
outra, que era como uma lapa! Chamava-se Lucy, também era muito bonita mas nada
que se comparasse com a minha Red. Lucy, tinha uma enorme inveja dela e tudo
o que Red tinha, Lucy pedia-lhe para Red lhe emprestar. Lucy olhava para mim de
forma sedutora e quando por algum motivo ficávamos a sós, ela insinuava-se
muito. Mas Red não via assim a amiga. Então, numa noite enquanto a esperava no
barco velho do meu Avô, para mais uma noite de amor. Lucy, entrou no barco e
foi até à cabine onde dormia. Aproveitando o facto de me encontrar adormecido e
supercansado de surfar todo o dia, despiu-se toda e deitou-se nua, na minha
cama e abraçou-me.
─ E tu não
acordaste, meu?
─ Não, não
acordei. Estava completamente exausto… Pela madrugada, Red veio ter comigo e
assim que entrou na cabine, viu Lucy deitada nua e abraçada ao meu corpo... Ela
gritou desiludida como é que fora capaz de a trair e, antes que eu tivesse
tempo para me explicar, Lucy pegou nas suas coisas e correu atrás de Red a
dizer que eu tinha abusado dela!
─ Chiiii e tu, o
que fizeste?
─ Neguei e fui
atrás de Red para lhe contar toda a verdade. Quando lhe falei que Lucy se
insinuara a mim nas suas costas, desde o primeiro momento, Red esbofeteou-me e
chamou-me nojento! Depois disse que nunca mais me queria ver na vida. E pronto,
esta é a minha triste história de amor…
─ Nunca mais
falaste com ela?
─ Não, nunca
mais. Tentei falar com ela nesse mesmo dia, mas mais tarde quando a procurei na
casa dos pais, a mãe dela disse-me que ela tinha apanhado o primeiro voo para
Austin e regressado à universidade, a Universidade do Texas.
─ Mas a distância
de carro daqui a Austin, não é tão longe assim! São quê, uns 2440 Km/1556
Milhas? Um dia e meio a andar de carro. Não foste lá, meu?
─ Não, ela não me
receberia…
─ Devias ter
insistido mais…
─ E insisti,
Jake. Escrevi-lhe, telefonei-lhe, mas ela recusou sempre as chamadas…
─ E as cartas?
─ Nunca respondeu
a nenhuma e as últimas, foram reenviadas para trás.
─ Entendo-te, mas
no teu lugar teria insistido. Tinha ido atrás dela a Austin e fazia-me ouvir.
Andrew ficou
calado e eu, também, depois já não disse mais nada. Porém, agora já sabia o que
tinha acontecido e porque é que ele ficava triste, quando se falava em amor e
em mulheres. Que injustiça…
Felizmente, Mary
e eu não tínhamos problemas. Nosso amor era forte e crescia a cada dia.
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 11 de Agosto de 2013)
Boa tarde
ResponderEliminarUm texto bem escrito que gostei muito de ler.
Desejo de coração um Domingo cheio de Saúde, Paz, Amor e felicidade
Abraço
******************
Querendo...visitem-me
http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/
Tempo di vacanze per me. Un felice agosto a Te ... ciao
ResponderEliminarOi Cris,
ResponderEliminarboa tarde,
ódio pode voltar, ele sempre volta ...
mas, como fazê-lo entender?
ele estava muito zangado!
mmm, quando tudo estava indo bem,
os inconvenientes aparecem =(
Mas finalmente,
sabemos o que aconteceu com o amor e com ele!
ótimo capitulo...
Desejo-lhe uma tarde-noite excelente
um beijo e um abraço
Oi Cris :)
ResponderEliminarEstava atrasada com a leitura de Jake e Mary,mas cheguei a tempo!
Que triste o que aconteceu com Andy.
Lucy que abusou dele,e não o contrário...
Por isso que ele parece ser meio desiludido com o amor.
Até o próximo capítulo.
Bjs!
Oi, Cris! Não gosto de situações mal resolvidas, parecem que sempre vão perdurar como fantasmas durante a vida. Em compensação, adorei a frase final! Viva o amor forte!!!
ResponderEliminarUm abraço!
Oi, Cris! Não gosto de situações mal resolvidas, parecem que sempre vão perdurar como fantasmas durante a vida. Em compensação, adorei a frase final! Viva o amor forte!!!
ResponderEliminarUm abraço!
Por essa não esperava mas quem não vive as desilusões do amor né mesmo...mais um belo capitulo.
ResponderEliminar