Capítulo 16 - A Primeira Desilusão



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Capítulo 16

A Primeira Desilusão

No fim da tarde, Mike veio ter comigo para felicitar-me. Tinha passado à segunda fase do campeonato, que se disputaria no dia seguinte. Estava em 2º lugar, mas ao contrário do que pensava não estava feliz. Tudo o que tinha imaginado para aquele dia, não estava a sair como sonhara. Afinal, Mary, não me tinha vindo ver conforme me dissera antes. Porquê, não sabia, mas com certeza algo se passara.

─ Parabéns, meu! Tu mereces! ─ Exclamou Mike ao chegar perto de mim, abraçando-me.

─ Obrigado… ─ Disse piscando-lhe o olho, com um sorriso amarelo.

─ Que foi, que sorriso é esse? Pensava que estavas feliz…

─ Pois, também eu pensava que estivesse feliz hoje e afinal, enganei-me inevitavelmente…

─Que tens, Jake?

─ Estou preocupado, Mary, disse que viria ver-me e até agora não apareceu.

─ Chiii, Jake, desculpa. Toma lá, já me estava a esquecer de dar-te isto ─ disse Mike, entregando-me um bilhete.

Li-o imediatamente:

 

“Amor;

 

Perdoa-me por não estar aí contigo.

Os meus pais já sabem de nós…

Vai ter à nossa gruta à meia-noite e espera-me.

 

Amo-te muito, aconteça o que acontecer.

 

Sempre tua,

 

Mary”

 

Guardei o bilhete e olhando para Mike com uma expressão preocupada, perguntei-lhe como estava Mary.

─ Bem, Jake, Mary estava agitada quando me entregou o bilhete. A Tia Hannah, não saía de perto dela. Tentei trazê-la aqui, dizendo que vínhamos apenas ao parque, mas a minha tia não deixou. Quando perguntei se tinha acontecido alguma coisa, ela olhou fixamente para a minha prima e disse que não, mas que precisava de Mary por estarem a espera de visitas de fora e a organizar o jantar de amanhã à noite.

─ Que visitas?!

─ É o Nathaniel Stein. O Nate é um primo meu e da Mary, um ex-herói do Vietname. Durante uma missão especial, foi gravemente ferido em combate, numa perna, quando resgatava os companheiros. Após algum tempo no hospital para se recuperar dos ferimentos, condecoram-no com a Cruz de Serviços Distintos e mandaram-no para casa.

─ Hmm, e o que é tem Mary a ver com esse Nate?

─ Sempre foram muito próximos, além de primos são amigos e enquanto ele estava na guerra eles correspondiam-se por carta.

Naquele momento e sem perceber porquê senti-me traído. Mary, nunca me tinha falado de Nate e nem da troca de correspondência entre ambos. Disfarcei, de modo que Mike não percebesse o que estava a sentir.

─ Ok, tudo bem. E sabes o que tem de tão especial esse jantar?

─ Não, não sei, Jake. Mas alguma coisa se passa, acho estranho. A minha família e os restantes membros que vivem aqui na cidade, estão convidados para jantar amanhã em casa deles.

─ Estranho, parece até uma festa!

─ E é, é uma festa para receber o Nate ─ o herói de guerra. Esta condecoração é uma das mais importantes, sabes? É atribuída em situações de extrema bravura e risco de morte em combate real, com uma força armada contra o nosso país.

─ Como é que sabes isso?

─ Vi na televisão.

─ Ok ─ Respondi com secura e um certo ciúme de Mary. ─ Em relação a isso tudo , como te pareceu Mary?

─ Olha, pareceu-me sobretudo, triste. Para escrever e dar-me o bilhete para entregar-te, teve de inventar uma desculpa à esfarrapada! Disse que ia buscar mais chá, vê lá tu.

─ A minha vontade, era chegar lá e falar com os teus tios imediatamente, para mostrar-lhes que tenho boas intensões para com a filha deles.

─ Estás louco, Jake?! Isso seria deitar tudo a perder, meu! Pela força não vais longe. Usa a mente, sê inteligente.

─ Mas Mike,… e se nunca mais a ver? ─ Perguntei-lhe e nesse momento, os meus olhos encheram-se de lágrimas. ─ Eu amo a tua prima, percebes? Mais do que tudo na minha vida. ─ Disse, limpando os olhos rapidamente com o braço direito.

─ Calma, meu. Mary também te ama, asseguro-te.

─ Também sinto que sim, mas…

─ Mas o Jake?

─ É esse herói, Mike ela nunca me falou nele.

─ Se não falou, é porque não há nada de especial para te dizer, não achas? O que te diz ela no bilhete?

─ Marca um encontro para esta noite…

─ Ok, pronto. Então, logo vocês conversam e dizes-lhe que queres ir lá falar com os pais dela.

─ Precisamos de encontrar uma solução, o mais depressa possível…

─ Calma. Claro que vão encontrar, relaxa, meu. Não stresses e não estejas com ciúmes, vá.

─ Não tenho ciúmes, ok?

─ Ok, pá. Tudo bem. Agora tenho de ir. Tchau.

Mike e eu despedimo-nos, seguidamente. Desejou-me boa sorte e prometeu telefonar-me amanhã, para contar-me do jantar, assim que tivesse uma oportunidade. Eu agradeci-lhe e depois, regressei a casa, cabisbaixo. Pensei em Mary e ao entrar, a minha Mãe percebeu imediatamente a minha tristeza.

─ O que foi, filho? O que tens?

─ Nada… ─ respondi com a cabeça baixa, para que a minha Mãe não visse que tinha os olhos rasos de lágrimas. Porém, a voz traiu-me…

─ Filho, estás a chorar?

─ Não, acho que estou constipado… ─ disse inventando uma desculpa tão esfarrapada, que ninguém acreditou. Andy olhou para mim e depois disse:

─ Ciara, deixa-me falar com ele sozinho. Acho que sei o que é que ele tem…

─ Não é preciso ires, Mãe. Fica. Não sei mesmo mentir, nunca soube. Ok, vou pôr as cartas na mesa, mas primeiro sentem-se.

Os dois sentaram-se no sofá da sala e eu segui o exemplo, a seguir comecei a falar de Mary, relatando a história toda.

─ …E agora, não sei o que fazer. ─ Disse por fim. ─ O que faço??

─ Meu Deus, que complicação! E tu compactuaste com isto, Andy?!

─ Sim, claro. Quando tudo começou, não sabia que ele era meu filho, lembras-te? O puto e eu eramos apenas bons amigos, Ciara.

─ Vocês os dois são uns irresponsáveis… Fogo! Passaram-se mesmo. Mas diz-me uma coisa, ela ama-te, ao menos?

─ Sim, Mãe, ama.

─ Jake, eu disse-te para teres cuidado… Disse-te que ia ser complicado se os pais dela descobrissem.

─ Pois foi, Andy, eu sei…

─ E esse rapaz que chega hoje? ─ Perguntou-me Andy.

─ O que tem ele, Andy? ─ Indagou a minha Mãe.

─ Não sei, é estranho todo esse aparato e ela nunca o ter mencionado…

─ Deixa-te disso. ─ Respondeu a minha Mãe com firmeza, ─ Não vês que ele já está inseguro? Ela ama-o, de contrário não se tinha arriscado a escrever-lhe o bilhete para se encontrarem hoje!

─ Tens razão, ─ concluiu Andy. ─ Como é que agora vão fazer para se verem?

─ É assim, hoje vamos encontrar-nos de noite às escondidas. ─ Respondi.

─ Onde? ─ Perguntaram os dois em uníssono.

─ Não posso dizer, é o nosso lugar secreto. ─ Respondi.

Eles respiraram fundo, aborrecidos por eu não querer dizer onde seria o encontro. Porém, não insistiram. Respeitaram. Então tive uma ideia, que apesar de ser um bocado doida, parecia-me boa.

─ Vocês podiam ajudar-nos… ─ Comecei.

─ Ah sim?! E como, se nem queres dizer onde se vão encontrar!

─ Calma, Ciara, calma. Deixa-o contar a sua ideia. Fala, puto!

Então, eu contei-lhes o que podíamos fazer os três juntos. Eles ouviram atentamente e no fim, aceitaram. Porém, primeiro que tudo tinha que conversar com Mary. Ela precisava saber o plano que tínhamos engendrado, para saber se estava disposta a isso…



 

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

(Próximo Capítulo a Publicar: Domingo, dia 29 de Setembro de 2013)